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Capítulo 30 de 42
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1Agora zombam de mim os mais jovens do que eu, aqueles cujos pais eu desdenharia de colocar com os cães do meu rebanho.*
2De que me serviria a força de seus braços, homens cujo vigor já pereceu inteiramente?
3Reduzidos a nada pela miséria e pela fome, roem um solo árido e desolado.
4Colhem ervas e cascas dos arbustos, e por pão têm somente a raiz das giestas.
5São expulsos do povo e gritam com eles como se fossem ladrões.
6Moram em barrancos medonhos, nas cavernas da terra e dos rochedos.
7Ouvem-se seus gritos entre os arbustos e amontoam-se debaixo das urtigas.
8São filhos de infames e de gente sem nome, que são expulsos da terra…
9Agora, porém, sou o assunto de suas canções, tema de seus escárnios.
10Afastam-se de mim com horror e não receiam cuspir-me no rosto.
11Desamarraram a corda para humilhar-me, sacudiram de si todo o freio diante de mim.
12À minha direita levanta-se a raça deles, tentam atrapalhar meus pés e abrem diante de mim o caminho da sua desgraça.*
13Embaralham minha vereda para me perder e trabalham para a minha ruína.
14Penetram como por uma grande brecha e irrompem entre escombros.
15O pavor me invade. Minha esperança é varrida como se fosse pelo vento e minha felicidade passa como uma nuvem.
16Agora minha alma se dissolve e os dias de aflição me dominaram.
17A noite traspassa meus ossos e consome-os. Os males que me roem não dormem.
18Com violência agarra a minha veste e aperta-me como o colarinho de minha túnica.
19Deus jogou-me no lodo e eu me confundo com a poeira e a cinza.
20Clamo por ti e não me respondes. Ponho-me diante de ti, e não olhas para mim.
21Tornaste-te cruel para comigo e atacas-me com toda a força de tua mão.
22Tu me arrebatas e me faz cavalgar o tufão, para me aniquilar na tempestade.
23Bem sei que me levarás à morte, ao lugar onde se encontram todos os viventes.
24Mas não é para aquele que cai que estendi a mão quando, na ruína, pedia socorro?
25Não chorei com os oprimidos? Não teve minha alma piedade dos pobres?
26Esperava a felicidade e veio a desgraça, esperava a luz e vieram as trevas.
27Minhas entranhas abrasam-se sem nenhum descanso, assaltaram-me os dias de aflição.
28Caminho no luto, sem sol; levanto-me numa multidão de gritos.
29Tornei-me irmão dos chacais e companheiro dos avestruzes.
30Minha pele enegrece-se e cai, e meus ossos são consumidos pela febre.
31Minha cítara só dá acordes lúgubres, e minha flauta sons queixosos.